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A Engenharia Brasileira é boa, temos que aperfeiçoar os contratos e a gestão

Desastre de Mariana e agora queda da ciclovia no RJ: chegou a hora da engenharia e da arquitetura brasileiras se posicionarem.

Uma obra privada em Mariana e uma obra pública no Rio de Janeiro, ambas padecendo do mesmo mal: ruptura das estruturas quando submetidas a condições de exposição em sua fase de uso e operação.

Falha de projeto, execução da obra ou manutenção durante o uso?

O que deveria ter sido feito para minimizar a probabilidade de tais ocorrências?

Que etapas do projeto, da execução e da operação deveriam ser verificadas, inspecionadas e auditadas.

Quem deveria ser responsável por essas verificações e auditorias?
Os órgãos públicos contratantes ou as empreiteiras contatadas?
Os órgãos públicos têm competência e independência para tal? 
As construtoras contratadas tem isenção para tal?

As boas práticas internacionais de engenharia apontam para um caminho distinto: a verificação, inspeção e auditorias de projetos e obras sendo feitas por uma empresa de terceira parte, tecnicamente idônea e isenta das relações comerciais envolvidas nas contratações dos projetos e obras.

Nesse sentido os conceitos e metodologias de Comissionamento hoje praticados em países de primeiro mundo nos ajudam na construção deste caminho.

Comissionamento é o processo de assegurar que os sistemas e componentes de uma edificação ou unidade industrial estejam projetados, instalados, testados, operados e mantidos de acordo com as necessidades e requisitos operacionais do proprietário. O comissionamento pode ser aplicado tanto a novos empreendimentos quanto a unidades e sistemas existentes em processo de expansão, modernização ou ajuste.

Na prática, o processo de comissionamento consiste na aplicação integrada de um conjunto de técnicas e procedimentos de engenharia para verificar, inspecionar e testar cada componente físico do empreendimento, desde os individuais, como peças, instrumentos e equipamentos, até os mais complexos, como módulos, subsistemas e sistemas.

As atividades de comissionamento, no seu sentido mais amplo, são aplicáveis a todas as fases do empreendimento, desde o projeto básico e detalhado, o suprimento e o diligenciamento, a construção e a montagem, até a entrega da unidade ao cliente final, passando, muitas vezes, por uma fase de operação assistida.

Uma bandeira que as associações e entidades técnicas de projeto e engenharia poderiam adotar, seria a realização de estudos visando viabilizar adoção de práticas de Comissionamento de Projetos e Obras por parte de contratantes públicos e privados, de acordo com os conceitos e metodologias apresentados anteriormente.

Chega de conviver com tantos absurdos e falhas que envergonham nossa engenharia e nossa arquitetura. 
Temos competência técnica e criatividade de sobra para projetar e construir bem.
O que está nos faltando é a capacidade política de articular um movimento que faça avançar as práticas de contratação e gestão de projetos e obras, públicas e privadas.

Vamos nos desafiar, não podemos desistir da engenharia e da arquitetura brasileiras!



Publicado em 27 de abril de 2016 / Roberto de Souza - CTE


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