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Olimpíada de Tóquio já prepara seu legado: energia do hidrogênio

A indústria tem investido no desenvolvimento de carros com energia limpa, mas esse mercado ainda sofre um obstáculo: a infraestrutura. O público desses veículos sempre será limitado enquanto houver pouca oferta de locais para reabastecimento. O Japão já tomou a dianteira nos postos de recarga de automóveis elétricos e agora quer fazer o mesmo para os movidos a hidrogênio. Mais que isso, querem usar essa tecnologia para a matriz energética do país. E pretendem usar os Jogos Olímpicos para isso.

Criar postos de reabastecimento de hidrogênio é muito mais caro e trabalhoso que unidades de recarga para baterias, utilizadas pelos carros elétricos. Além disso, normas de segurança exigem o dobro de distância de outros edifícios na comparação com postos de gasolina tradicionais. Isso explica por que os veículos movidos a hidrogênio demoram mais para decolar (não é trocadilho com o fato de foguetes terem essa mesma fonte de energia). Era necessário um fato novo que permitisse abater o investimento nessa área. E é isso o que a Olimpíada oferece. 

Algumas obras para os Jogos de Tóquio, marcados para 2020, já estão em andamento segundo uma reportagem do site norte-americano CityLab. O plano dos japoneses é fazer da Vila Olímpica um bairro todo adaptado à energia produzida por hidrogênio. Um bairro novo, com 6 mil apartamentos comercializados ao público depois das competições, é possível planejar a ocupação de espaço e a infraestrutura pensando nessa lógica. A ideia não é apenas para os veículos, mas também para a energia elétrica utilizada no bairro. Já foi separado um fundo de US$ 350 milhões apenas para isso.

A ideia do Japão é reforçar o papel do hidrogênio – que produz energia elétrica a partir da eletrólise do hidrogênio, um processo que não polui por ter como subproduto apenas água – na matriz energética do país. Para o país, seria uma opção interessante, pois a produção de eletricidade teve um baque com as medidas que restringem as usinas nucleares após o acidente de Fukushima, aumentando a dependência de combustível fóssil. Para piorar, todo o petróleo, carvão e gás natural usado no arquipélago precisa ser importado.

No entanto, a escolha não é tão simples assim. Ainda que ele não seja poluente, há quem conteste a ideia de “energia limpa” do hidrogênio pelo seu processo de produção. Além disso, carros elétricos já estão mais estabelecidos – e baratos – no mercado internacional, ainda que os movidos a hidrogênio tenham mais autonomia e sejam reabastecidos/recarregados mais rapidamente. Montadoras japonesas estão entre as que mais investem nas duas tecnologias. 

Ainda não dá para saber se o plano japonês dará certo. Mas usar as obras necessárias para os Jogos Olímpicos como forma de impulsioná-lo é interessante. Algo que nem todas as sedes do evento souberam fazer.



Publicado em 24 de março de 2017 / http://www.institutodeengenharia.org.br


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