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Matéria da Revista da Instalação aborda norma e cuidados com Instalações Solares

A grande incidência de raios solares, inclusive com sol forte durante praticamente todo o ano em diversas regiões do País, tem permitido ao Brasil avançar consistentemente no uso de sistemas de aquecimento solar de água. Tanto, que este é um dos mercados que mais avançaram na última década, abrindo boas oportunidades de negócios e empregos.
Em linhas gerais, atualmente este setor conta com cerca de 200 empresas no Brasil, incluindo as companhias que fabricam ou importam equipamentos, escritórios de projetos, instaladoras, consultorias e empresas de manutenção. Estima-se que, hoje, o mercado de aquecimento solar já acumula uma área de mais de 5 milhões de m² de coletores solares instalados. Anualmente, essa cadeia produtiva já movimenta mais de R$ 500 milhões e, segundo alguns especialistas da área, esse montante deverá crescer ainda mais nos próximos anos, sendo impulsionado tanto pelas obras privadas, quanto pelas públicas. Nesse último caso, o impulso vem, principalmente, dos investimentos em torno dos programas habitacionais populares, como o Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e o CDHU, do Estado de São Paulo. Estes programas já optam pelo sistema de aquecimento solar de água, que, entre outros benefícios, gera significativa economia de energia elétrica para seus usuários – segundo os especialistas do setor, essa economia pode chegar a 50%.

Um aspecto que colabora para a evolução do setor é a sua base normativa, que contempla desde a fabricação dos coletores solares e reservatórios, até a sua instalação. E é justamente sobre a norma de instalação (NBR 15569) que vamos falar em mais detalhes nessa reportagem. Conforme explica Rodrigo Cunha Trindade, diretor da Agência Energia, no Brasil, a primeira norma do setor de aquecimento solar foi a NB-1352, de fevereiro de 1991. Mas, com o passar dos anos, foi formada uma Comissão de Estudos na ABNT que trabalhou na elaboração da primeira versão da NBR 15569 - Sistema de aquecimento solar de água em circuito direto - Projeto e instalação, que foi publicada no primeiro trimestre de 2008. “Na época, fizemos uma pesquisa de todas as normas existentes no mundo e escolhemos partes das normas que deveríamos nos espelhar. Mas a NBR 15569 foi desenvolvida por esta comissão. Foi uma norma atual e contextualizada para o mercado do Brasil”, afirma Trindade, que faz parte dessa Comissão de Estudos.

Norma apresenta as diretrizes para uma instalação eficiente e segura

Grosso modo, podemos dizer que a NBR 15569 é uma norma bastante completa que, entre outros aspectos, abrange os termos e definições aplicados às instalações de sistemas de aquecimento solar (SAS), passa por detalhes dos principais componentes, conceitos e cuidados para que as instalações sejam projetadas e instaladas com sucesso e segurança. Conforme dados divulgados no site do DASOL – Departamento Nacional de Energia Solar Térmica da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), no escopo da NBR 15569 temos, entre outros, os seguintes tópicos:

➧De acordo com a norma, o projeto do SAS deve ser elaborado por profissional habilitado, acompanhado da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e qualquer alteração no projeto deve ser executada somente após nova aprovação do projetista, a qual deverá ser igualmente registrada por ART.

➧ A instalação deve ser supervisionada por profissional habilitado e também deve ser acompanhada da respectiva ART. O instalador deve seguir procedimentos definidos e ser qualificado para a execução dos serviços, bem como demonstrar registros e evidências que possam comprovar sua capacitação.

➧ Para um perfeito funcionamento, o sistema de aquecimento solar deve ter um bom projeto, instalação adequada de equipamentos, e utilizar somente coletores solares e reservatórios térmicos de qualidade, que fazem parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), que comprova suas eficiências.

➧ Além das definições existentes no próprio documento normativo, alguns aspectos da norma, vinculados às especificidades dos projetos e equipamentos, determinam ainda que as instalações sejam realizadas de acordo com o manual de instalação da empresa fabricante dos equipamentos e ou projeto, a quem está atribuída a responsabilidade técnica da forma indicada para instalação.

Benefícios da norma se espalham para o mercado como um todo

Como ocorre com a maior parte das normas de instalações, a NBR 15569 também traz benefícios diretos para a organização e desenvolvimento do mercado. O que só aumenta a sua importância.

“Essa norma dita um padrão mínimo de recomendações técnicas para que sejam realizadas instalações dentro das boas práticas. E ela também exige que os profissionais tenham as qualificações mínimas ao solicitar as anotações de responsabilidade técnica emitidas pelo CREA. Isso é positivo para o mercado, pois permite que tenhamos mais casos bem-sucedidos de instalações e o mercado tenha uma referência mínima para crescer com qualidade. A norma também é uma ferramenta importante, pois serve para que os compradores do setor privado e governamental a usem como referência em suas compras”, comenta Rodrigo Cunha Trindade.

E ele completa: “A norma é mais uma referência oficial para termos boas instalações. A receita de ter um projetista experiente, que atenda a norma brasileira e com bom conhecimento prático, adotando produtos normalizados e certificados, é o caminho para termos boas instalações, que tragam o retorno do investimento aplicado nos sistemas em prazos esperados pelos usuários e investidores”.

Mas aí vem a pergunta: Hoje, os profissionais ligados à área de aquecimento solar de água aplicam a NBR 15569?

Segundo Trindade, os projetistas experientes e responsáveis seguem não apenas esse documento, mas todas as normas da ABNT, pois eles têm a consciência de sua importância e, por outro lado, de suas próprias responsabilidades. No entanto, alerta que entre os instaladores a situação é um pouco diferente. “Nas instalações a cultura deveria ser a mesma, mas essa área ainda carece de profissionais mais conscientizados em relação a essas responsabilidades e aos detalhes da norma”, lamenta.

Para mudar este quadro, Trindade afirma que investir na divulgação é fundamental, até para que os próprios usuários tenham acesso à informação e passem a exigir instalações em conformidade com essa norma. “A divulgação através de seminários e eventos que envolvem este setor ajuda muito. Além disso, se as normas fossem gratuitas ou de fácil acesso facilitaria ainda mais a difusão das boas práticas contidas nas normas”, completa.

 

Revisão torna a norma mais completa para atender necessidades do mercado

Apesar de atender bem aos interesses do setor de aquecimento solar de água, a NBR 15569 passa,

nesse momento, por um processo de revisão. “Estamos na quinta reunião (nesse processo) e estimo que mais uns cinco encontros serão suficientes para a disponibilidade de um texto para consulta pública. Estimo mais seis meses para o texto estar disponível para consulta pública”, declara Trindade. No que tange às principais mudanças nessa revisão, o especialista cita que a norma atual se aplica apenas para coletores solares planos e que a revisão vai contemplar também os coletores de tubo a vácuo.

“Estamos ajustando todo o texto e conteúdo à realidade do mercado no Brasil nesse momento, mas ouso dizer que a norma manterá sua base, pois sua redação em 2008 foi de qualidade e vem facilitando o trabalho dessa revisão”, comenta Trindade, que destaca a importância de se manter este documento sempre atualizado: “Ter uma norma atualizada e que represente a realidade do mercado facilita a adoção da mesma e a maior aderência dos agentes envolvidos. Uma norma atual leva a instalações melhores, com mais qualidade, mais seguras e duráveis, permitindo que o mercado seja sustentável e com crescimento pautado em qualidade”, conclui.



Publicado em 20 de julho de 2016 / Revista da Instalação


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